Assaí anuncia resultados e chama atenção de analistas

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• A rede atacadista divulgou seu resultado do primeiro trimestre, que foi considerado de “neutro para negativo” do lado operacional por analistas, mas com alguns pontos, principalmente de alavancagem, que levaram a uma forte queda dos papéis.

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POR BRANCA LIMA

8,54% a R$ 10,50 foi o valor de queda das ações registrado pela atacadista Assaí. Esse fenômeno aconteceu após a rede de supermercados terem divulgado os resultados do primeiro trimestre, que foi considerado de “neutro para negativo” do lado operacional por analistas, mas com alguns pontos, principalmente de alavancagem, que levaram a uma forte queda dos papéis.

A Genial aponta que o grande impacto desse trimestre foi pela primeira vez, em 3 anos, a empresa não conseguir atingir a margem de R$ 100 milhões de lucro. Isso se deve ao alto nível de alavancagem, o que pressionou o resultado financeiro. “Acreditamos que, passados os pagamentos das lojas convertidas, as novas unidades devem impulsionar a geração de caixa operacional, aliviando o nível de alavancagem da companhia a partir do segundo semestre. Esperamos uma forte recuperação ao longo da segunda metade do ano”, avaliam os analistas da casa.

Os analistas ainda acreditam que outro montante de venda do controlador Casino, ainda este ano, poderia pressionar as ações em curto prazo. O lock-up restringe a venda das ações por parte do grupo francês por 90 dias após a última oferta, que ocorreu em março. “Ainda assim, acreditamos que seria uma pressão de curto prazo sobre o papel, já que a companhia segue entregando uma boa performance operacional”, acrescentam os analistas.

O Bradesco BBI avaliou a situação antes da abertura do mercado. “Acreditamos que o crescimento da receita e a margem Ebitda [Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, sobre receita] eram amplamente esperados, mas a perda de lucro líquido pode afetar o sentimento dos investidores”, afirmou.

O Assaí trouxe uma receita de R$ 15,1 bilhões, registrando uma alta de 31,9% no ano. O Ebitda foi de R$ 951 milhões, subindo 26,5% na mesma base, com a margem ficando em 6,3%, sofrendo uma leve queda de 0,3 ponto percentual. O lucro líquido, contudo, caiu 66,4%, para R$ 72 milhões, com a empresa impactada por maiores despesas financeiras. “A desaceleração nas vendas nos dois maiores players brasileiros de atacarejo, contudo, confirmam um cenário competitivo mais difícil e ventos contrários à desaceleração da inflação de alimentos”, afirmou a equipe do Bradesco BBI, chefiada por Felipe Cassimiro.

Mas a situação também foi analisada por outras instituições, como o Itaú BBA. “Os resultados do Assaí ficaram em em linha com nossas expectativas, com um resultado final batendo 26% nosso consenso, devido à nossa premissa conservadora para os benefícios fiscais”, fala a equipe do banco, liderada por Thiago Macruz. Eles ainda comentaram que a pressão na margem Ebitda parece razoável, se for considerado os investimentos do Assaí em sua expansão. “O resultado financeiro mais pesado levou a uma queda de 59% do lucro líquido em relação ao ano anterior, para R$ 72 milhões. O índice de alavancagem deve ser monitorado de perto. Embora a empresa reporte uma alavancagem de 2,8 vezes, ela seria maior se considerarmos as contas a pagar das lojas compradas do Extra e os recebíveis descontados”, finalizam.

O banco americano, Morgan Stanley, acredita que com as aberturas das novas lojas a alavancagem deve diminuir. “As vendas líquidas aumentaram 32% no ano, com 7,1% de comparação, enquanto o resultado da receita ficou 8% abaixo do nosso consenso, por conta de um ritmo de conversão mais lento no trimestre do que havíamos previsto. O pico de conversões está atrasado, mas as curvas de maturidade de vendas e margem parecem seguir o planejado”, afirmaram os analistas Andrew Ruben e Alexandre Namioka.

E por fim, o Santander acredita que os resultados da empresa foram decentes, mas ofuscados pela despesa financeira e pela queima de caixa, que foi de R$ 362 milhões.

Os diretores da Assaí,em uma teleconferência realizada na última sexta,falaram quais são as expectativas para o próximo ano e para o setor do atacarejo.“Atacarejo tem potencial de atrair clientes, mas questão de renda, de olho na inflação, aumenta a nossa atratividade. As pessoas querem economizar. Dependendo da taxa de inflação, podemos ter um clima de incerteza. Será daqui para frente que teremos mais indicações. Na expansão orgânica, seremos mais cautelosos. O Guidance de 2024 pode ser afetado e terá o componente de inflação. Vamos ver como será o segundo semestre”, afirmou Belmiro Gomes, diretor executivo (CEO) do grupo.

E sobre o cenário financeiro que vivem, acreditam que os resultados do segundo semestre serão semelhantes ao do primeiro, mas com uma leve deterioração. Na alavancagem, em conjunto com a dívida, a empresa estuda formas de melhorar o seu caixa, mas enfatizou que não há nada em vista quanto a uma oferta primária de ações. Para os executivos, a abertura de novas lojas, e o impacto disso no Ebitda, devem provocar um alívio.