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- Pesquisadores da Unesp usam bagaço de cana-de-açúcar para descontaminar água com glifosato
- A técnica é simples, barata e ecológica, podendo ser usada para tratar outros poluentes orgânicos
POR BING AI
Um grupo de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveu uma técnica inovadora para descontaminar água poluída por resíduos de um herbicida chamado glifosato, muito usado no controle de ervas daninhas em diversas culturas agrícolas. A técnica utiliza o bagaço de cana-de-açúcar, um resíduo abundante e barato da indústria sucroalcooleira.
O glifosato é considerado um agrotóxico de alta toxicidade, que pode causar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Segundo a Agência Brasil, o Brasil é o maior consumidor mundial de glifosato, usando cerca de 173 mil toneladas por ano1. O herbicida pode contaminar a água superficial e subterrânea, afetando a qualidade dos recursos hídricos.
Para remover o glifosato da água, os pesquisadores da Unesp aproveitaram as propriedades das fibras de celulose presentes no bagaço da cana-de-açúcar. Essas fibras podem reter as moléculas do herbicida em sua superfície, permitindo que o contaminante seja separado da água por meio de processos simples, como filtração, decantação ou centrifugação.
O estudo, publicado na revista Pure and Applied Chemistry, explica como o bagaço da cana-de-açúcar é transformado em um material adsorvente para o glifosato. Primeiro, o bagaço é triturado e isolado da hemicelulose e da lignina, que também compõem o resíduo. Depois, as fibras de celulose são modificadas quimicamente para adicionar grupos de amônia quaternária na superfície, conferindo carga positiva ao material. Assim, são obtidas microfibras catiônicas de celulose (cCMF), que se ligam ao glifosato, que tem carga negativa.
Os pesquisadores testaram a eficiência do material em diferentes concentrações de glifosato e diferentes condições de pH e temperatura. Eles observaram que o material foi capaz de remover até 94% do herbicida em uma solução com 10 miligramas por litro (mg/L) de glifosato em pH 6 e temperatura ambiente. Além disso, eles verificaram que o material pode ser reutilizado até cinco vezes sem perder sua capacidade de adsorção.
Os autores do estudo afirmam que a técnica é simples, econômica e ambientalmente amigável, podendo ser aplicada em larga escala para tratar águas contaminadas por glifosato. Eles também destacam que o material pode ser usado para remover outros tipos de poluentes orgânicos da água.