SOLUÇÃO PARA BATERIAS PODE ESTAR NO FUNDO DO MAR

Resumo Clipnews ⚠️

  • Especialistas dizem que determinados pontos no fundo do oceano poderiam ser uma fonte de alguns dos metais necessários para a construção de baterias
  • Os principais objetos de interesse são pedaços de depósitos minerais do tamanho de batatas conhecidos como nódulos polimetálicos.

 

POR DIOGO CORTEZ

Nos últimos anos notícias sobre mineração no fundo do mar vem ganhando destaque (e também gerando preocupações ambientais sobre o impacto desta atividade).

Especialistas tem dito que determinados pontos no fundo do oceano poderiam conter uma fonte importante de alguns metais necessários para a construção de baterias e outras tecnologias importantes para lidar com as mudanças climáticas.

Porém, a incerteza continua em relação aos impactos ambientais, o eventual custo de uma empreitada como essa e também a toda política e regulação relacionada a isso.

No ínicio de Abril, um grupo da ONU realizou para tentar resolver tudo isso. Isso leva ao pensamento, de que nos próximos meses possamos ter notícias importantes em relação ao tema. ​

A pergunta que fica, mas por que minerar o oceano? 

A resposta a esta pergunta vem da necessidade do mundo de lidar com as mudanças climáticas e para isso, uma das iniciativas tem isso a eletrificação. Porém, para se eletrificar,  precisamos de muitas coisas como : lítio para baterias, elementos como neodímio e disprósio para usar nas turbinas eólicas, além de cobre que serve para basicamente tudo.

No caso do cobre, a demanda pelo metal somente no setor de tecnologias de energia aumentará para mais de um milhão de toneladas por ano por volta de 2050 e encontrar locais adequados para mineração está ficando mais difícil. As empresas estão recorrendo a locais com menores concentrações de cobre, já que aqueles com maior quantidade e que eram acessíveis e conhecidos estão ficando sem o metal.

Pensando nisso, o oceano pode ser uma nova fonte de cobre e outros insumos importante para a construção dessas tecnologias.

A mineração em águas profundas pode acontecer de algumas formas diferentes, mas os principais objetos de interesse são pedaços de depósitos minerais do tamanho de batatas conhecidos como nódulos polimetálicos. Esses nódulos estão presentes no fundo do oceano, especialmente na Zona Clarion-Clipperton, que fica entre o Havaí e o México, no Oceano Pacífico.

Estes nódulos se formam naturalmente ao longo de milhões de anos, quando oligoelementos presentes na água do mar são depositados em pequenos objetos que se agrupam no fundo do oceano, como fragmentos de ossos ou dentes de tubarão, e crescem lentamente. Eles contêm manganês, cobalto, cobre e níquel, todos usados nas baterias de íon-lítio que alimentam os veículos elétricos hoje, além de conterem em sua composição um pouco de ferro, titânio e lítio.

Dada à impressionante variedade de metais que eles contêm, algumas empresas compararam cada nódulo como se fosse uma bateria em uma rocha. Dado este cenário, não é a toa que na última década, as organizações começaram a estudar a possibilidade de realizar operações de mineração comercial em alto mar, principalmente na Zona Clarion-Clipperton.

Porém, nem todo mundo concorda com o uso do oceano dessa maneira, dado a possibilidade impacto ambiental, já que há muitas formas de vida encontradas nas áreas onde estão os nódulos, desde corais e pepinos-do-mar a vermes e polvos.

Estudiosos também levantaram questões sobre o que acontecerá quando as operações de mineração mexerem nos sedimentos: a dispersão desses resíduos poderia perturbar a fauna marinha ou até mesmo o armazenamento natural de carbono sob o fundo do mar, ​que poderia acabar sendo liberado, afetando o equilíbrio natural do ecossistema marinho e aumentando os níveis de CO₂ na atmosfera.

 

A Pergunta de milhões : Quem decide o que fazer? 

A gestão das águas internacionais não é tão simples. Na ONU, desde 1994 existe a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, pela sigla em inglês) e com sede na Jamaica (Caribe). A ISA vem atuando para desenvolver um código de mineração para operações comerciais, porém algumas empresas já querem iniciar a atividade de exploração antes mesmo da conclusão dele.

Para isso existe um processo chamado de regra de dois anos: a qualquer momento antes da aprovação dos regulamentos, um país membro pode notificar a ISA de que deseja iniciar a mineração, e, em seguida, a ISA tem dois anos para criar regras para isso.

E este processo já está acontecendo. Nauru, na Micronésia (Oceania), acionou a regra especial há cerca de dois anos, ou seja, o que faz com que o prazo para a criação das regras seja de até 9 de julho de 2023. Porém, a próxima reunião da ISA, onde as regulamentações poderiam ser finalizadas, começa em 10 de julho. O que basicamente significa que o prazo não será cumprido.

Até o momento não se sabe exatamente o que acontecerá depois que o prazo expirar. Uma possibilidade é que uma empresa possa apresentar um pedido para iniciar a mineração comercial, mesmo que as regras ainda não tenham sido definidas, e a ISA opte por analisá-lo segundo as​ informações disponíveis e os possíveis riscos ambientais ou de segurança.

Conforme relatos publicados pela Bloomberg, há uma série de pedidos de nações-membros e grupos de defesa para que a ISA não considere os pedidos até que as regras estejam prontas (enquanto outros tem pedido uma pausa temporária ou a proibição total de qualquer mineração comercial no oceano até que mais pesquisas sobre seus efeitos no oceano sejam feitas).

A mineração em alto-mar ainda é um tema complexo, o qual aparentemente não se tem um conhecimento completo dos impactos. Com isso, os desdobramentos dos próximos meses pode ser extremamente importante para o nosso futuro como humanidade. O resultado de tudo isso, somente as próximas gerações saberão.